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Eraserhead

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Post by wodouvhaox Wed May 07, 2008 4:24 pm

ERASERHEAD é o primeiro filme de David Lynch, e como outros grandes cineastas, o homem já no primeiro trabalho criou uma pequena obra-prima. Mas que não é para todos, assim como a maioria dos trabalhos dele.

O filme se passa em uma espécie de parque industrial, onde Henry Spencer é um funcionário “em férias”. Logo no início ele recebe um chamado de sua namorada, Mary X, para jantar na casa dos pais dela. Lá recebe a notícia de que ela deu à luz um bebê mutante depois de uma gravidez anormalmente curta, e é obrigado a casar. Mudam-se então para o apartamento de um cômodo de Henry, onde o bebê nunca pára de chorar, o que esgota Mary e a faz abandonar o lar. A partir daí, o protagonista tem que cuidar sozinho da criatura, e começam estranhos acontecimentos.

O título ERASERHEAD (cabeça de borracha) refere-se a uma cena, que me pareceu um sonho dentro de outro sonho, em que Henry literalmente perde a cabeça e a transformam em matéria prima para a produção da borracha a ser fixada na ponta de lápis. Surrealismo puro.

Muitas interpretações podem ser dadas para os fatos mostrados, mas nenhuma conseguirá explicar exatamente o que Lynch tentou dizer. Nem mesmo para os atores o diretor transmitia suas idéias.

A produção de ERASERHEAD durou cinco anos e o roteiro tinha inicialmente apenas 21 páginas. Neste tempo, os cenários (construídos em um porão) foram desmontados e reconstruídos diversas vezes. O ator Jack Nance teve que manter por todos esses anos o mesmo visual, com os longos cabelos encrespados. Além disso, as filmagens eram tão esparsas que ele chegou a ficar 18 meses sem pisar no set.

Muitos mistérios também envolvem a produção, e o maior deles diz respeito à criação do chocante bebê mutante. Apenas Lynch sabe como foi feito. Isso significa que nem mesmo o cinegrafista o viu fora das filmagens, sendo obrigado a tapar os olhos. Até mesmo Stanley Kubrick, que tinha ERASERHEAD como um de seus filmes preferidos, quis saber como o bebê foi feito, mas Lynch recusou contar. Diz uma lenda urbana que foi criado a partir de um feto de vaca ou de carneiro embalsamado. Porém, o diretor nunca disse como ele foi criado ou articulado.

Além disso, a morte súbita do cinegrafista Herb Cardwell, após 9 meses de filmagens, nunca foi esclarecida. Lynch diz que seu corpo foi encontrado no seu quarto de hotel, e que mesmo depois de duas autópsias, a causa da morte não foi identificada.

Uma das cenas mais cultuadas do filme é a da Lady in the Radiator, com a canção In Heaven. O Pixies gravou a música, mas anos depois o líder Frank Black descobriu que várias outras bandas já a usavam em seus shows – na íntegra, no meio de alguma canção ou mostrando a cena do filme no telão. É o caso do Bauhaus, Devo e Pantera, para citar as mais conhecidas. Não só a cena, mas o filme é citado por várias outras bandas e em muitos filmes. Há uma referência em Too Drunk to Fuck, do Dead Kennedys, e há pelo menos três bandas que se chamam Eraserhead.

As influências não se resumem ao mundo da música, mas a primeira criação de Lynch também serviu de base para muitos filmes, como BARTON FINK, PI, BEGOTTEN e TETSUO: THE IRON MAN.

O ator Jack Nance teve pequenos papéis em vários outros filmes de Lynch (DUNA, VELUDO AZUL, CORAÇÃO SELVAGEM, TWIN PEAKS, A ESTRADA PERDIDA), mas morreu misteriosamente em dezembro de 96. Conhecido por ser temperamental, alega-se que tenha se envolvido em uma briga do lado de fora de uma loja de Donnuts em uma manhã, o que lhe resultou em sérios ferimentos na cabeça, levando-o à morte dois dias após. Entretanto, alguns conhecidos disseram que ele sempre dormia muito tarde, que nunca estaria acordado àquela hora, e que as circunstâncias da morte são muito incomuns.

Em ERASERHEAD já podemos notar muitas das características e simbolismos recorrentes à obra de Lynch: O zoom adentrando a escuridão que surge penetrando um mundo misterioso, assim como acontece nas cenas da orelha escondida na grama em VELUDO AZUL e da caixa azul em CIDADE DOS SONHOS; As cortinas escuras como num teatro, como no Clube Silencio de CIDADE DOS SONHOS ou no Red Room de TWIN PEAKS; A figura de uma mulher cantando também se inicia em ERASERHEAD, mas aqui Lynch preferiu colocar uma mulher com deformações no rosto, em vez das mulheres bonitas ou de voz angelical presentes nos filmes posteriores, como Isabella Rosselini (VELUDO AZUL), Julee Cruise (TWIN PEAKS: OS ÚLTIMOS DIAS DE LAURA PALMER) e Rebekah Del Rio (CIDADE DOS SONHOS).

O próprio início do filme lembra muito MULHOLLAND DRIVE, quando vemos cenas enigmáticas mas que — assim como o zoom no travesseiro de MULHOLLAND — deve explicar todos os acontecimentos misteriosos a seguir.

Mais uma vez, digo que ERASERHEAD não é para todos. Mas foi pelo resultado obtido aqui que David Lynch foi chamado para dirigir O HOMEM ELEFANTE, um de seus poucos trabalhos convencionais, e assim ganhou o mundo.

fonte: As Crônicas Marcianas

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